É inegável que a internet veio para ajudar em nosso dia a dia. Entre essas facilidades está a possibilidade de, com poucos cliques, ter conteúdos variados. Mas, muitas vezes, sem nenhum filtro. Por isso, o acesso a material erótico nunca esteve tão fácil. Mas você já se perguntou como a pornografia afeta o cérebro?
Bem, vários pesquisadores já se fizeram essa pergunta e descobriram fatos interessantes.
Um estudo publicado pela revista médica JAMA Psychiatry revelou que as horas assistindo à pornografia conseguem afetar o volume da massa cinzenta cerebral na parte relacionada a emoção, desejo e recompensa.
Parece assustador, não é? Mas essa constatação vem de uma base científica que vamos entender agora.
A Pornografia e Os Caminhos Neurais
Todo hábito surge da criação de caminhos neurais. Quanto mais uma ação é repetida, maior fica essa ligação e mais fácil é para os processos de aprendizagem e memória.
Então, um vídeo pornográfico ativa o gatilho dessa trilha, tornando cada vez mais necessária a busca por conteúdo erótico.
Por ativar essas áreas cerebrais, o consumo frequente de pornografia acaba criando um hábito.
Primeiro vem o gatilho, que pode ser cansaço, solidão, desejo e outros. A partir disso, segue o ato de consumir material pornográfico, que é a rotina. Terminando pela recompensa, que seria o prazer causado.
Quando um hábito é formado na mente, ele se torna muito difícil para quebrar. Nesse caso, o caminho neural fortalecido pela repetição, seguida da recompensa, gera um sistema semelhante ao vício.
Ou seja, a pornografia ativa a área cerebral conhecida como “centro de recompensa”, que é a mesma ativada ao utilizar substâncias ou fazer comportamentos viciantes.
Pornografia e as Disfunções Sexuais
Por isso, a longo prazo, a pornografia afeta o cérebro causando disfunções sexuais, como a dificuldade de atingir o orgasmo ou mesmo conseguir uma ereção apenas com o estímulo de um parceiro real, e isso, claro, afeta até mesmo a qualidade dos relacionamentos amorosos.
A indústria da pornografia apresenta mulheres e homens irreais. Tudo está ligado a uma fantasia erótica que é vendida. Assim, ao estar em contato com seu companheiro ou companheira habitual, o cérebro continua a busca pela satisfação imediata trazida ao consumir imagens e filmes pornográficos.
Fora a idealização da mulher e do homem, há questões delicadas como incesto, pedofilia e violência, que também podem ser encontrados com facilidade em alguns sites.
Quanto mais uma pessoa consome um tipo de pornografia, mais o cérebro fica acostumado com aquelas cenas. Então, o efeito com o passar do tempo não é tão forte quanto foi na primeira vez.
Isso leva a uma busca por conteúdos diferentes, para gerar a mesma intensidade de desejo. Então, isso pode levar a procura por conteúdos não convencionais que abordem situações com esse tipo de temas e que podem, inclusive, influenciar na realidade.
Neurônios Espelho
Você já pensou o quanto a pornografia também se reflete fora das telas? Para entender isso, é preciso começar com o conceito de Neurônios Espelho.
Essa pequena parte do nosso cérebro é responsável pela nossa sobrevivência. Por isso, nossa tendência é espelhar o que um grupo de pessoas está fazendo.
Imagine como é útil para sobreviver durante um incêndio, por exemplo. Basta seguir a direção oposta de onde está o perigo, como todos estão fazendo.
E você deve estar se perguntando o que esses neurônios têm a ver com a pornografia, não é?
Nosso cérebro não consegue diferenciar uma imaginação da realidade. Por isso, ao pensar em um ato sexual, a mente acredita que está vivendo isso de verdade. Então, é mais fácil atingir o orgasmo com fantasias mentais.
O problema começa quando o cérebro busca a reprodução da imagem de um filme pornográfico na vida real. Isso leva a pessoa a querer essa mesma cena em sua realidade. O que pode até mesmo acontecer com casos citados como violência, incesto e pedofilia.
Então, muitos cientistas explicam os efeitos da pornografia comparando com o abuso de substâncias. Isso acontece porque o cérebro responde ao estímulo sexual com a produção de dopamina, que é associada a antecipação de recompensas.
Esse neurotransmissor também influencia na memorização de informações. Ou seja, o caminho neural é criado para lembrar aonde ir para conseguir o mesmo tipo de prazer. Quanto mais repetições, mais o cérebro vai buscar por essa sensação.
Mas, como vimos, a mente cansa das imagens anteriores e procura cada vez mais por situações novas e fora do comum para continuar gerando o mesmo surto de dopamina.
Pornografia e os Danos aos Relacionamentos
Quanto mais uma pessoa consome pornografia, mais o cérebro precisará consumir para ter o mesmo tipo de prazer.
Então, quando os parceiros estão em uma relação sexual fora das telas, o organismo já não se sente tão estimulado, porque gravou os estereótipos e cenas que viu ao consumir o conteúdo erótico.
Aqui é possível entender porque a pornografia pode interferir até mesmo no relacionamento de um casal.
O material pornográfico gera caminhos neurais fortes no cérebro. A pessoa é capaz de lembrar por muitos anos das cenas vistas. Esse estímulo é tão intenso que dificilmente qualquer atividade pode ser mais interessante, mesmo o sexo real.
Isso é confirmado pelo Doutor Norman Doidge, pesquisador da Columbia University. Ele explica que as cenas pornográficas criam condições ideais para a liberação rápida e em grande quantidade de substâncias químicas que geram prazer, mas também causam mudanças duradouras na área cerebral.
Pornografia e Danos ao Sistema Nervoso
Por isso, cenas pornográficas são gatilhos hiper estimulantes da liberação de dopamina. Então, essa repetição consegue danificar profundamente o sistema de recompensa, que fica sem resposta quando é estimulado por fontes reais de prazer.
É por esse motivo que os consumidores desses materiais têm maior dificuldade em atingir a excitação sem ter o recurso dos conteúdos pornográficos. Seja vendo um filme, imagem ou mesmo lembrando do que assistiram.
Naturalmente, esse dano ao sistema de recompensa leva a progressão de problemas sexuais. Mas não apenas isso. A própria mudança na transmissão da dopamina, que é o neurotransmissor responsável pelo prazer, pode aumentar os riscos do aparecimento de ansiedade e depressão.
Conclusão
De forma resumida, conseguimos ver como a pornografia afeta o cérebro de diversas formas.
Por esses danos cerebrais, a pornografia, que promete trazer diversão e alívio, acaba ativando a predisposição para comportamentos compulsivos, doenças emocionais e desejos fora da realidade.
Bom, agora você já sabe como a pornografia afeta o cérebro. O lado positivo é que esses caminhos neurais que foram criados podem desaparecer caso não sejam reforçados.
Uma ótima prática que ajuda a termos mais autocontrole é a meditação. Com ela, gradativamente conseguimos ir treinando nosso cérebro para uma direção mais positiva.
E você, já sabia desses efeitos da pornografia?
Conhece alguém que foi prejudicado por causa da pornografia?
Compartilhe sua experiência, assim outros podem se beneficiar também.