Você gosta de tomar uma cerveja com os amigos ou mesmo uma taça de vinho de noite? Mas você já se perguntou como o álcool afeta o cérebro?
O hábito de consumir bebidas alcoólicas é muito popular. Mais de 85% dos adultos relatam o costume de beber socialmente.
Ainda que muitas pessoas acreditem que beber de vez em quando não cause problemas de saúde, com um pouco mais de análise dos estudos científicos já existentes, podemos ver que não é bem assim.
O tema é polêmico, eu sei, já que não gostamos de ouvir pontos negativos sobre hábitos que nos dão prazer.
Mas hoje vou te mostrar como um simples hábito de consumir álcool tem forte influência no seu cérebro e na sua vida.
Como o álcool age no organismo humano
O álcool afeta o corpo de forma bem rápida. Ele é absorvido pela mucosa do estômago e logo vai para a corrente sanguínea. Lá, ele segue para os tecidos e chega ao cérebro em apenas 5 minutos. Em 10 minutos já começa a afetar o seu estado mental.
Passados 20 minutos, o fígado começa a processar a bebida. Esse órgão pode metabolizar 30 ml de álcool por hora.
Ou seja, a intoxicação acontece quando a ingestão de álcool vai além da capacidade do corpo de processar a bebida.
E convenhamos, quem bebe apenas 30 ml de álcool? Pois é…
O álcool permanece na urina por até 80 horas, e nos folículos capilares por até três meses.
Todo o corpo absorve essa substância, mas ela afeta o cérebro com mais intensidade. Chega a interferir nas vias de comunicação cerebrais e na forma de processar informações.
Existem diversos níveis de intoxicação alcoólica, desde os mais sutis até os graves.
E a pergunta que fica é: “Qual é o nível de consumo considerado saudável?”
Níveis de Intoxicação com Álcool
O primeiro nível de intoxicação com álcool é o leve. Nele, parece que não bebemos, mas o tempo de reação, julgamento e comportamento podem ser alterados. Dependendo do peso da pessoa, isso acontece com apenas uma dose de bebida.
Depois desse estágio, segue para a euforia, quando o cérebro libera mais dopamina, causando uma sensação de relaxamento e autoconfiança. Mas a memória e raciocínio já estão afetados.
A excitação é o próximo passo, onde já se está intoxicado, afetando o lobo occipital, lobo temporal e lobo frontal em seu cérebro.
Aqui começam outros sintomas intoxicação alcoólica, como:
- visão turva,
- audição prejudicada,
- falta de controle,
- fala arrastada,
- alterações de humor
- vômitos ou náuseas.
Depois disso, ainda há o grau de confusão e desorientação.
O cerebelo, que ajuda na coordenação, está afetado. A pessoa precisa de apoio para ficar em pé ou andar. Desmaios e perda de consciência e memória começam neste ponto. O limiar de dor está elevado e pode aumentar o risco de lesões.
Após esses estágios, ainda é possível entrar em estupor com todas as funções mentais, sensoriais e físicas prejudicadas gravemente, que é o estado de inconsciência profunda.
As chances de desmaio, sufocamento e ferimentos são altas.
O último nível que o álcool afeta o organismo é o coma, comprometendo a respiração, a circulação, as respostas motoras e os reflexos. Podendo causar o óbito por envenenamento alcoólico ou falha cerebral para controlar as funções vitais.
Bom, esses são os níveis de intoxicações agudas por consumo de álcool. Ou seja, num período bem próximo de quando o álcool é ingerido. Mas, claro, existem os reflexos no médio e longo prazo também, que podem ser muito mais difíceis de identificar.
O excesso de álcool
Depois de entender como o álcool afeta o cérebro e como age no organismo organismo humano de forma geral, é importante saber um pouco como o nosso corpo funciona.
O nível de excesso de álcool depende de diversos fatores, como idade, sexo e saúde.
Existem as pessoas que bebem ocasionalmente e até se recuperam quando ficam sóbrias. Mas nesses momentos a consciência já está prejudicada.
Decisões, como dirigir bêbado, podem causar danos irreversíveis, mesmo para aqueles que bebem apenas uma vez ou outra.
Quem gosta de beber com moderação enfrenta outros riscos. Com um ou dois drinques por dia, aumentamos o risco de câncer de mama, a inclinação para violência ou acidentes permanentes.
Aqui já podemos fazer uma reflexão: se aumenta o risco de câncer de mama, o que mais está sendo alterado no nosso organismo e quais outros danos podem aparecer?
Existe também o grupo que bebe de 3 a 5 drinques por dia ou entre 7 e 14 por semana. Aqui entram as pessoas que sofrem com o vício em álcool e podem causar danos sérios a si ou aos outros.
Mas não importa se você bebe pouco ou muito. Algo inegável é que as células não entendem a bebida alcóolica como algo positivo, mas sim como um invasor, um elemento estranho. Ou seja, para as nossas células, não existe quantidade saudável.
Danos graves do álcool no cérebro e no corpo
Grandes quantidades de bebida consumidas, em especial, com estômago vazio, podem provocar um alto nível de intoxicação, apagões e lapsos de memória.
Você pode ter passado por isso ou deve conhecer alguém que já bebeu e teve esses sintomas.
Até mesmo os desmaios são mais comuns entre aqueles que bebem socialmente do que era suposto em estudos anteriores.
Outros problemas que o álcool pode causar são:
- Desnutrição (reduz a capacidade de absorção dos nutrientes);
- Gastrite (afeta a mucosa estomacal, deixando-a mais ácida);
- Hepatite alcoólica (inflamação do fígado e pode levar à sua degeneração e é vista como uma pré-cirrose);
- Cirrose, (uma das piores doenças causadas pelo álcool, porque causa lesões irreversíveis ao fígado);
- Demência alcoólica;
- Doenças emocionais (como ansiedade e depressão, entre outras).
Ou seja, a bebida traz diversos males para uma pessoa, tanto no cérebro quanto em várias outras partes do corpo.
Agora, pensa comigo…
Como o álcool afeta o cérebro e o organismo ainda mais?
Vimos aqui que as nossas células entendem o álcool como um agressor, não importando a quantidade que ingerimos. Isso significa que se consumimos álcool só uma vez na semana, é como se tivéssemos um machucado, e toda semana o agredíssemos novamente.
Será que não teria nenhum impacto no médio e longo prazo?
Também vimos que fica na urina por 80 horas e nos folículos capilares por até 3 meses. Se o álcool fica nesses tecidos todo esse tempo, será que ele não continua afetando nosso corpo sem a gente perceber, pois achamos que o efeito já passou?
E, para finalizar, vimos quantos sintomas ele gera no cérebro. Desde sintomas sutis, como tempo de reação e mudança de comportamento, até danos mais sérios, como perda de memória, desmaios e coma.
Se esses sintomas acontecem, é porque o corpo realmente sente o álcool como um agressor. Então, o que será que acontece quando toda semana o corpo é agredido, mesmo que pareça leve?
E, pior, a maior parte das pessoas começa a beber na adolescência ou início da fase adulta, que são fases em que o cérebro ainda está em desenvolvimento. Então, os danos do álcool no cérebro são ainda mais sérios.
Quando desenvolvemos mais autoconhecimento, vamos percebendo que certos caminhos não fazem tanto sentido quanto pareciam antes.
Vício em álcool: como lidar?
Agora que vimos um pouco de como o álcool afeta o cérebro de algumas formas, vamos falar um pouco sobre vícios.
De fato, o vício em álcool é bem mais comum do que parece. Inúmeras pessoas, de diversas idades e situações de vida, têm dificuldade para largar ou mesmo diminuir o consumo de álcool.
Isso acontece por inúmeras causas. Mas, uma delas, é porque o álcool gera memórias afetivas profundas. Então as pessoas associam muitas coisas boas e momentos da vida delas com o consumo do álcool. Essa é a nova identidade dela desde então.
E agora, como superar o vício em álcool se ele afeta tão profundamente assim?
Realmente é um desafio, e tratar alcoolismo não é fácil. Quem já passou por isso pode muito bem dizer.
Mas um caminho que pode ajudar é começar a perceber no dia a dia como age quando não se tem álcool por perto. Você consegue se divertir em uma festa sem consumir álcool, por exemplo?
Consegue passar 15 dias sem consumir álcool e ainda assim curtir a vida?
Vá procurando expandir o tempo sem álcool. Crie momentos onde você se diverte sem álcool. Por exemplo, pratique esportes. É uma ótima forma de ocupar o tempo e não consumir álcool.
Procure fazer programas com quem não bebe álcool. Ou não vai beber naquele momento. Vá construindo laços e experiências sem a presença de álcool.
Desta forma, você vai moldando sua identidade aos poucos, e aí o impacto é menor quando você resolve parar.
Desenvolver a inteligência emocional também vai te ajudar bastante a lidar com os relacionamentos que só te chamam para beber.
Desafio para largar o álcool
Como você pode ver, esse assunto é bastante profundo, mas já vimos como o álcool afeta o cérebro e a saúde de inúmeras maneiras. Mas também sabemos o quanto as pessoas têm medo de mudar hábitos.
Mas você já parou para pensar o quanto sua vida poderia ser muito melhor se você largasse o álcool de vez?
Será que você não está sendo um prisioneiro de algo, mas achando que é livre?
Então, quero te propor um desafio: que tal ficar 6 meses sem consumir nenhuma gota de álcool e analisar como sua vida mudou?
Analise como está ficando sua disposição, seu humor, seu fluxo de pensamentos, seus relacionamentos e até sua energia em geral. Aposto que você se sentirá muito melhor e ainda ficará muito mais criativo.
E se você não consegue se divertir sem álcool, aí já está a prova de que algo não anda muito bem, não é verdade?
E você se surpreendeu como a bebida alcoólica afeta seu organismo?
Tem alguma experiência negativa com o álcool ou conhece alguém que tenha?
Compartilhe com a gente, assim outros podem se beneficiar também.
Um lindo dia pra você e até a próxima!